segunda-feira, 31 de março de 2014

Depois Que o Livro Se Fecha... O Pacto (Joe Hill)

Sinopse: Ignatius Perrish sempre foi um homem bom. Tinha uma família unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que uma tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa a ser o principal suspeito. Embora não haja evidências que o incriminem, também não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um monstro. Um ano depois, Ig acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Descobre também algo assustador: ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar. Em vez disso, entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais inconfessáveis.










Na Minha Opinião de Merda... Você já deve ter se perguntado como seria o seu mundo caso conseguisse extrair de todas as pessoas a sua volta o que elas realmente pensam, sentem e cobiçam, tanto em relação a você quanto a elas mesmas. Talvez nem sempre a verdade seja a coisa mais confortável, na maior parte do tempo é melhor que nossos piores pensamentos, sentimentos e desejos fiquem escondidos bem profundamente. E não ache que você não tem nada a esconder, porque sim meu amigo, todos temos nosso lado obscuro, nossos demônios interiores.
Quando Iggy Perrish descobre um par de chifres crescendo em sua testa , e que os tais chifres lhe dão o poder de despertar o que há de pior nas pessoas, ele entende que ouvir as piores verdades pode ser uma maldição.
Nesse seu segundo romance, Joe Hill nos apresenta uma ótima premissa, que infelizmente se perde em função de personagens bidimensionais. Ao manter a ideia em um escopo mais pessoal, procurando focar a narrativa no drama da trinca de personagens principais, Hill deixa de explorar uma gama de possibilidades que poderiam ser facilmente desenvolvidas em virtude dos poderes extraordinários de seu protagonista. Um homem comum que se torna o Diabo, podendo extrair os segredos mais sujos de qualquer um, e ainda ganhando de lambuja a habilidade de influencia-las em diversos níveis de pensamento, talvez não ficasse perdendo tanto tempo com lamentações. Não que o autor não possa desenvolver seus personagens de forma mais densa, pelo contrario, um dos atributos que eu mais prezo em uma boa narrativa é a profundidade e as varias camadas de personalidade que se pode atribuir, mas quando não existe uma grande evolução, ou uma mudança sensível de comportamento, tem-se a impressão de que os personagens não saíram do lugar.
Apesar não ter gostado tanto do foco da trama, não posso deixar de dizer que O Pacto é sim um livro extremante divertido, com algumas passagens que beiram o memorável, (como a parte em que Iggy faz sua pregação para centenas de animais rastejantes), compondo algumas passagens com bastante sensibilidade e até mesmo de forma bastante poética (como a cena final na casa da arvore). Enfim, um interessante estudo sobre humanidade, e como temos a incrível capacidade de esconder nossos demônios de nós mesmos.