Na Minha Opinião de Merda... Uma das estorias mais bizarras que já li na vida, mas não digo isso de uma forma negativa, pelo contrario, esse é um daqueles livros que te faz parar e pensar em alguns conceitos que fogem completamente de nosso cotidiano, nos faz pensar ¨fora da caixa¨. Max Barry extrapola a idealização estética que habita o pensamento contemporâneo, explorando a transformação do ser em objeto. Mas a discussão aqui foge um pouco do velho debate da superficialização do homem moderno, e foca-se mais na relação estética vs praticidade. Em uma sociedade em que a máxima, podemos dizer , é ¨tempo é dinheiro¨, o imediatismo inerente a nossa cultura capitalista, a troca do rebuscado pelo pratico parece ser algo extremamente plausível, e até mesmo uma evolução natural. ¨Substituir¨ é a palavra de ordem nessa obra. Porque Apostar na ineficiência biológica de nossos corpos, quando podemos realizar ¨upgrades¨ que tornariam nossas capacidades medíocres em exemplos de eficiência? Essa é uma das questões que são desenvolvidas de forma bastante interessante, com um dinamismo que torna a leitura fácil e rápida. Max Barry trabalha sua estoria em um escopo de ficção cientifica, mas acaba flertando também com o nonsense, o que gera uma mistura interessante, metamorfoseando sua criação em uma especie de ¨proto cyberpunk¨, o que acabou suscitando algumas referencias na minha cabeça durante a leitura. Enfim, um livro bem diferente, com umas invencionices malucas, mas que são muito bem vindas pra quem acompanha o marasmo criativo dos dias de hoje.
¨Quando criança, eu queria ser um trem. Não percebia que isso era incomum - as outras crianças brincavam com trens, não queriam ser um - gostavam de construir trilhos e impedir que os trens saíssem deles. De vê-los passar por tuneis. Eu não entendia isso. O que eu gostava era de fingir que meu corpo era composto por 200 toneladas de aço, impossível de ser parado. De imaginar que eu era feito de pistões, válvulas e compressores hidráulicos.¨