domingo, 16 de setembro de 2012

Depois Que o Livro Se Fecha... Recordações da casa dos mortos ( F. Dostoiévski)

   Recordações da casa dos mortos representa o início da fase madura de Dostoiévski. É uma obra mais vivida do que imaginada. Foi escrita após ser preso e deportado para a Sibéria acusado de conspiração contra o Czar. Durante quatro anos Dostoiévsk viveu na "casa dos mortos", onde ladrões, assassinos e presos políticos (nobres) viviam no mesmo espaço.




Minha Opinião de Merda:
   Não sou critico literário, apenas apaixonado e viciado nas loucas viagens que esses papéis e tinta me proporcionam. Aliás, odeio toda forma critica que diminua um trabalho cultural de alguém. E claro, só um idiota se atreveria a falar mau do Dostão.
   Bem... Então vamos nessa! Alexandr Petrovicth, é um ex-nobre consciente de seu papel de preso, acusado por um crime que por alto seria o de ter assassinado sua esposa, mas em que momento nenhum o próprio personagem relata qual é o seu crime. Logo de início, Alexandr, em suas primeiras impressões, se surpreende, pois o presídio é o primeiro lugar em que vira quase duzentas pessoas alfabetizas juntas num mesmo local. Isso porque o presídio contava com presos politícos (nobres), militares e alguns civis alfabetizados.
   O presídio em alguns aspectos tem as mesmas caracteristicas que vemos em filmes e jornais, como presos separados por classes, raças, crenças e nacionalidades, suborno a guardas, contrabandos e claro uma força opressora de comando. Mas quando analisamos outros aspectos peculiares, lembramos que estamos na Sibéria em 1842. Os presos são acorrentados nas mãos e pés durante toda sua vida na prisão; eles não ficam em selas e sim em alojamentos; possuem animais de trabalho e até de estimação que chegam por vontade própria; e saem do presídio para realizar trabalhos forçados ou mesmo oficios que aprendem na prisão. A todo momento nos surpreendemos com a narrativa sobre o cotidiano e os locais onde os presos vivem e como vivem. Esse é um dos pontos que mais gostei na obra.
  Quanto ao personagem, Alexandr é praticamente um fantasma, vagueia pela prisão, apenas a observar, é curioso e atento e ao mesmo tempo consegue se manter longe dos presos "comuns" que se separam dos "nobres". Para mim, o mais fascinante na obra é que ela não se baseia na vida de Alexandr, que aliás não sabemos nada! E sim na vida anterior dos outros presos, Alexandr, quase sem esperança e angustiado tem a necessidade de conhecer a história dos outros. É quando percebemos a principal caracteristica de Dostoiévski, seus persogens são reais, o povo e os despercebidos são seus personagens e nos momentos de desespero, tristeza, raiva e raras alegrias partilhamos os mesmos sentimentos, pois nos sentimos próximos a eles.
   Pra encerrar, um livro ótimo e totalmente recomendável.

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