quinta-feira, 29 de maio de 2014

Meu pequeno leitor

Por Jeff_JunKHead


Quando estou em casa, tenho o costume de ler deitado no sofá e com um travesseiro, no outro sofá minha esposa assiste a novela enquanto meu bebê de um ano e meio fica brincando na sala com seus brinquedos. Certo dia levantei para ir ao banheiro, o danadinho pegou o meu livro que deixei no braço do sofá e o resultado foi essa cena:


Peguei o primeiro celular que vi e registrei o momento. Quando cheguei por trás, percebi que o livro estava de ponta cabeça e ele fingia que estava lendo em voz alta. Ele passava as páginas  amassando uma por uma e fingia ler falando "bababa" e outras palavras na língua dos bebês. 

Ao mesmo momento que fiquei feliz, uma tristeza se misturou a minha alegria e fiquei meio estranho. Fiquei pensando o quanto eu servia  de exemplo para uma criança tão pequena. Essa bela imagem, que nunca mais vai sair da minha mente me fez pensar que, para esse pequeno ser que me chama de "papai" e adora um biscoito recheado, não importa nem um pouco se eu acordo de mal humor, se estou sem grana, sem trampo, não se importa quais são as marcas das minha roupas, qual a imagem que passo para a sociedade, se tenho carro ou ando de ônibus, se sou bonito ou feio, se as roupinhas que compro pra ele são caras ou não. A única coisa que importa para ele é o quanto sua mãe e eu o amamos. Por enquanto ele chora por pequenas coisas, como um biscoito, um pirulito, um desenho na TV, ou mesmo por atenção. Coisas tão simples e pequenas que as vezes não damos valor, e que podem valer mais que nosso celular ou nosso tênis caro. Para essa sociedade consumista em que vivemos hoje em dia, eu posso não ter valor nenhum, mas nesse momento eu percebi que sou exemplo para uma criaturinha inocente que ainda enxerga esse mundo com inocência e curiosidade. Diante desse mundo animal e cruel lotado de gente que não vale o ar que respira, eu vou ter que criar meu bebê, ensiná-lo o certo e o errado, e eu espero que esteja fazendo a coisa certa. Mas uma coisa eu acabei de aprender, enquanto eu tiver importância para o meu bebê eu tenho por obrigação fazer deste mundo um lugar um pouco melhor, e isso começa pelos meus exemplos.




O Lucas tem um ano e sete meses e adora sentar no meu colo para juntos lermos em "bebenês" seus livrinhos infantis.

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